
Do escuro fiz meu céu. Fecho os olhos e não vejo estrelas. Fujo. Estranho perceber a solidão. Limpo da face o sorriso e viro de lado pra que não me vejas chorar. Não choro por ti. Não choro por nada. Odeio justificar. Não me pergunte e não me segure pelo braço. A porta é logo ali. Caminho até o portão sem pisar no chão. Duro demais para enfrentar a sola do pé esfolada. Grito sem palavras, falo sem nexo, finjo existir. Toco as grades da cerca como se fossem maleáveis a ponto de me deixar fugir. Céu. Estúpido sol. Estúpido dia azul.
Entre quatro paredes arranco a carcaça e fico. Só, suja, nua. Decoro frases, fumo um cigarro e como o último pedaço de bolo da geladeira. Na parede quadros. Dalí. No chão farelos. Formigas. No peito dor. Você.
Dias passam, noites passam, respiro e espero tudo parar. Como demora, preencho a existência como o que de mais ralo acho por aqui. Piadas nerds, romances baratos, filmes desprezíveis e comida congelada. Não entendo nada, tanto faz entender. Do muro que levantei nem cimento comprei. Nada está aqui. Eu não estou aqui. E minha alma é todo o pranto de decadência do mundo.
14 comentários:
l-i-n-d-o!
não sabe como sinto saudade. espero te rever e tomar um café.
o texto é lindo. feminino como a lua.
beijo,
bela.
Belo texto. Confidentemente simples. Té+!
Solidão é triste.
adoro essa dinâmica na escrita... rica e rápida... belo texto, e sentimento...
ah, essa seria Lorena? ou ouvi errado?
Muito, muito bom, mesmo!
Te vi numa tela por aí e quem diria que veria nessa também. Fotos e palavras, tenho a impressão que te conheci um pouco mais.
Execelente, você é, ao que tudo indica, excelente em muita coisa que faz.
Parabéns e mto boa sorte.
Se tiver um tempo entra no meu perfil e da uma olhada nos meus blogs.
O carro chefe é o de nome menos convidativo, mas talvez vc se interesse por algo no de nome bonitinho.
Foi uma honra poder ler seu texto!
Quando é que a menina ri? A vida aqui está para ser sorrida ou sofrida? A felicidade espera ao teu lado de braços abertos. Não se faça de sonsa, Deus está no controle deste espetáculo!
Quanta tristeza..
Eu li o seu post "Abril Despedaçado".. queria ter lido na hora certa.
Cadê a menina que ri?
Eu fiz um blog, é sobre as coisas que vou pesquisando e aprendendo de veterinária.. Te espero lá!
Tudo de ótimo pra você!
Beijo!!
Decobri seu blog por acaso... Te reconheci do cinema e agora da TV.
Os seus textos são super bacanas e realmente passam sentimentos que deixamos escondidos dentro de nós mulheres...Parabéns!!! Vc deveria ser escritora.
Sucesso!
a noite passou e eu a vi inteira
a pior solidão é ver o tempo
sentei-me ao pé da porta de casa
já era dia
o tempo sentou-se ao meu lado
no jardim as flores eram flores
a chuva era chuva
tudo era o que tinha de ser
apenas eu era
o que merecia
Do muro que levantei nem cimento comprei....
E quando se tem nas mãos sonhos, mesmo que utópicos.. não precisa de cimento, nem de tijolos..
E quer saber mais.. nem de muro tu precisas!!
A-do-rei teu blog guria!!!
Te achei por aí.. e voua companhar!! Besos
Bem legal, se é de você mesmo parece so..triste..mas gostei sim..até
psiu!
desabafo solitário e concreto. É quando começamos a perceber os buracos fundos que cavamos hora ou outra e que, a cada instante, tendem a ficar mais rasos e claros.
teu texto é música, menina!
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