quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Nossa paz. (Dedicado a Jeferson Miranda e Mateus, meu amor)



Hoje vejo um céu nublado. Nada de tristeza apenas a beleza da ausência da chuva. Caminho pelas ruas como se fosse poesia. Sorrio pra um homem que me entrega uma chave, reparo na blusa estourando um botão. Perco-me “pra frente ou pra trás” sigo. Vejo duas velhinhas saboreando um frango a passarinho, como se não fosse um frango, podia ser pipoca, mas o momento sorria como um domingo qualquer em um boteco regado a coca cola. Tão simples ser feliz, tão misterioso também. A gente é no momento em que tira a pele queimadinha da borda antes da mordida. Sigo olhando mais pra cima do que pra baixo, e vejo na padaria o fim da tarde que se abria, no momento em que a atendente embrulhava o pãozinho (tomara que esteja quentinho, já imagino o café com leite e a manteiga derretendo no cantinho da mordida. Tomara também que não caia no chão, expectativa interrompida ‘ainda bem que tem mais pão’).
No mercado o chocolate granulado, pedaços doces pequeninos que juntos tornam-se o melhor do bolo, do brigadeiro. A prateleira parecia mais colorida, o cheiro parecia transpassar do saquinho. “Eu queria te sorrir” pensei. Caminhei. E finalmente, a chave que abriu o portão do apartamento, era como se estivesses por lá, me servindo café e contando tuas histórias. Acolhi-me, lembrei do teu sorriso quando te conheci, da tua infantilidade bonita, do futuro que espero (mesmo olhando no presente a tua palma da mão e teu olhar quando está do jeito que eu mais gosto), e do teu coração tão perdido se achando em cada manhã do meu lado. A chave que me entregaram na rua, é só uma chave velha com um barbante comprido (do meu coração, disse alguém num texto engraçado, por ser piegas, e bonito por parecer real).

A minha chave (hoje igual a tua) é de te encontrar no fim do dia, é de te esperar de peito aberto (e de saudade), é de abrir o melhor que tenho em mim. Chorando ou sorrindo, fazendo manha ou fazendo bico, arrumada ou esculachada, cansada ou disposta, tanto faz. Como no céu de quem espera o sol do dia seguinte, nossa chuva é sempre nossa paz.